Warner Music Group x Suno: o acordo que pode redefinir o futuro da música
Durante anos, a relação entre as grandes gravadoras e as plataformas de inteligência artificial foi marcada por tensão, suspeita e batalhas judiciais. Mas, no final de 2025, algo que parecia improvável aconteceu: a Warner Music Group (WMG) — uma das três gigantes da indústria global — assinou um acordo histórico com a Suno, a plataforma de IA capaz de gerar músicas completas em segundos.
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O que antes era um confronto direto nos tribunais transformou-se numa parceria estratégica que promete criar “música com IA licenciada de próxima geração”.
Este é mais do que um acordo comercial. É um sinal claro de que a indústria musical entrou oficialmente numa nova era.
De inimigos legais a parceiros estratégicos
A história deste acordo começa em junho de 2024, quando a Warner, a Sony e a Universal processaram a Suno e a Udio por alegada violação de direitos de autor — acusando ambas de treinar modelos com canções protegidas sem autorização.
Durante mais de um ano, a disputa foi considerada um marco nas guerras entre IA e música, simbolizando o medo da indústria perante a tecnologia generativa.
Mas agora, o tom mudou. Em novembro de 2025, a WMG anunciou que retirava a ação judicial e, simultaneamente, estabelecia uma parceria com a Suno.
Segundo o CEO da Warner, Robert Kyncl, a IA “torna-se pró-arte” quando respeita três princípios: modelos licenciados, valorização da música e o direito de escolha dos artistas quanto ao uso dos seus nomes, imagens, vozes e composições.
O que o acordo realmente inclui
Apesar de algumas informações permanecerem sob sigilo, há pilares importantes já confirmados:
1. A Suno vai abandonar os modelos atuais
Os modelos anteriores — acusados de terem sido treinados com música protegida — serão descontinuados. A partir de 2026, a Suno lançará modelos novos, totalmente licenciados.
2. O catálogo da Warner passa a alimentar a IA (com limites)
O vasto catálogo da WMG, que inclui décadas de música global, estará licenciado para treinar os novos modelos da Suno. Ainda não é claro se todos os artistas poderão optar por não participar, mas a Warner garante que terão essa possibilidade.
3. Downloads restritos e apenas para contas pagas
O novo modelo de negócio será mais rígido:
utilizadores gratuitos podem criar e partilhar música;
para descarregar audio será necessária uma subscrição paga;
haverá limites mensais de downloads, ainda por anunciar.
4. A Suno adquiriu o Songkick
Como parte da parceria, a Suno comprou à WMG o Songkick — plataforma de descoberta de concertos — integrando-a no seu ecossistema musical.
5. Colaborações entre artistas e IA
A Suno promete lançar ferramentas que permitam colaborações diretas entre artistas reais e modelos de IA, bem como novas experiências de criação.
Uma mudança sem retorno para a indústria
A Warner não é a primeira a chegar a acordo com a IA — a Universal já tinha fechado um entendimento com a Udio meses antes.
Mas este movimento da WMG é o mais significativo até agora.
A verdade é simples:
não há mais volta. A música feita por IA vai ser parte da indústria.
E esta parceria é vista pelos especialistas como o primeiro modelo concreto de “IA ética” dentro das majors, com licenciamento, compensações e consentimento.
O lado sombrio: artistas continuam apreensivos
Apesar do discurso otimista das empresas, a comunidade artística está longe de estar tranquila. Há várias dúvidas que permanecem sem resposta:
Os artistas terão mesmo poder de decisão?
Embora a Warner garanta que os criadores poderão escolher se participam, não foram divulgados os mecanismos de controlo.
Como serão calculadas as compensações?
A forma como royalties gerados por músicas de IA serão distribuídos continua totalmente opaca.
A IA vai desvalorizar o trabalho humano?
Com modelos cada vez mais avançados e acessíveis, muitos artistas temem que o valor percebido da criação musical possa diminuir — especialmente para quem vive exclusivamente da sua arte.


A tecnologia pode uniformizar a música?
Um dos receios é que a IA, treinada com milhões de faixas comerciais, gere músicas demasiado semelhantes, sem identidade ou risco artístico.
Porque este momento é tão importante
Pela primeira vez, uma major deixa claro que prefere regular a IA através de parcerias do que tentar bloqueá-la judicialmente.
Este acordo estabelece novos padrões para o futuro:
modelos licenciados tornam-se o novo normal;
utilização de voz e imagem requer consentimento explícito;
IA passa a ser tratada como ferramenta criativa oficial, não como ameaça clandestina;
e, possivelmente, outras majors seguirão o mesmo caminho.
Assim como o streaming mudou tudo em 2010, a IA está a abrir uma nova página — e ninguém quer ficar para trás.
Conclusão: um pacto que revela o futuro da música
O acordo entre a Warner Music Group e a Suno não é apenas mais um contrato — é um divisor de águas.
Ele confirma que a música generativa vai fazer parte do dia-a-dia da indústria; que as gravadoras querem controlar e monetizar esta transição; e que os artistas continuam entre a esperança e a apreensão.
É um capítulo que redefine o que significa criar música no século XXI — onde humanos e máquinas passam de rivais a parceiros.
E seja qual for o lado em que se esteja, uma coisa é certa:
o futuro da música já começou — e não é possível voltar atrás.
