Paraíso: uma ode eletrónica ao espírito da rave em Portugal
Nos anos 90, Portugal viveu uma revolução silenciosa na sua cena musical: raves clandestinas, festas em armazéns, praias ou florestas e uma comunidade movida pela liberdade e pela batida. Dessa energia nasceu uma herança cultural que hoje ganha nova vida através do projeto Paraíso — também conhecido como Discos Paraíso —, uma plataforma que celebra esse passado e o reinventa, reunindo música, arquivo histórico, rádio e cinema.
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O que é o Paraíso?
O Paraíso define-se como “underground house music from a paradise called Portugal”. (discosparaiso.com)
Criado e gerido pelos DJs e produtores Maria Amor e Shcuro, o projeto atua em várias frentes: é selo discográfico, loja de discos, programa de rádio, produtora de eventos e espaço de memória.
Mais do que uma editora, o Paraíso é uma comunidade — um ponto de encontro entre quem viveu a era das raves e quem hoje continua a construir a cena eletrónica portuguesa.
Segundo o Resident Advisor, o projeto é “uma plataforma multidimensional que presta tributo ao movimento rave português dos anos 90, unindo passado e presente” (ra.co).
Na sua loja e Bandcamp, encontramos uma curadoria cuidada que vai do house ao techno e ambient, com lançamentos em vinil e digital de artistas como VIL, Photonz, Lake Haze, Shcuro, Maria Amor, entre outros.
O filme “Paraíso”: a história das raves portuguesas no grande ecrã
Um dos pilares do projeto é o documentário “Paraíso”, realizado por Daniel Mota, que mergulha nas origens da cultura rave em Portugal.
O filme reúne 38 testemunhos de DJs, produtores, promotores e ravers, entrelaçados com imagens raras gravadas em VHS e excertos de televisões como a RTP, SIC e MTV.
Trata-se de um verdadeiro arquivo audiovisual da cena underground portuguesa, que resgata memórias muitas vezes esquecidas.
O documentário estreou no IndieLisboa, passando também pelos Cinemas São Jorge e Passos Manuel, e tem sido aclamado pela sua autenticidade e valor histórico.
Catálogo musical e identidade sonora
A discografia do Paraíso é uma viagem pela diversidade da eletrónica portuguesa contemporânea. Entre os lançamentos mais marcantes encontram-se:
Intertwined — Maria Amor & Shcuro
Passado Distante — The Advent
Coordinates Of A Decaying World — Lake Haze
Crossroads — Salbany
Cada lançamento reforça o ADN do projeto: uma sonoridade que bebe das raízes rave, mas olha para o futuro com estética e produção de vanguarda.
Na Bandcamp, o catálogo é acompanhado por merchandising exclusivo, com t-shirts, cartazes e edições limitadas que refletem a identidade visual do coletivo.
Paraíso enquanto manifesto cultural
Mais do que uma marca, o Paraíso é um manifesto sobre o valor da música eletrónica em Portugal.
A sua importância estende-se muito além da pista de dança:
Preservação da memória coletiva
O filme “Paraíso” funciona como um documento essencial para compreender como nasceu e evoluiu o movimento rave português.Valorização dos artistas nacionais
Através do selo e da curadoria, o projeto dá palco a produtores portugueses, reforçando que o país tem uma identidade sonora própria.Reflexão crítica
Os criadores do documentário revelaram ter recuperado as imagens originais de antigas fitas VHS — um gesto quase artesanal, que denuncia a falta de preservação oficial deste património cultural. (DJ Mag)Futuro e continuidade
O espírito DIY (faça você mesmo) da década de 90 mantém-se vivo. O Paraíso inspira novas gerações de coletivos, DJs e promotores a criarem projetos independentes, com a mesma paixão e liberdade.
Desafios e horizontes futuros
O caminho do Paraíso não é isento de desafios:
Sustentabilidade — Manter um projeto que abrange cinema, edições em vinil, loja e eventos requer apoio financeiro e logístico.
Divulgação — Levar esta história a um público mais amplo, fora do circuito underground, continua a ser uma meta importante.
Equilíbrio entre memória e inovação — Revisitar o passado sem cair na nostalgia, mantendo-se relevante no presente.
Por outro lado, o futuro apresenta oportunidades promissoras:
Criação de eventos híbridos que combinem exibição do documentário e DJ sets.
Colaborações com selos internacionais e festivais culturais.
Exploração de projetos visuais e educativos que reforcem o papel do Paraíso como guardião da cultura eletrónica nacional.
Conclusão: um tributo vivo à cultura eletrónica portuguesa
O Paraíso é mais do que um nome — é uma atitude, um estado de espírito e um espaço simbólico onde o passado e o futuro da música eletrónica portuguesa se encontram.
O projeto prova que a cultura rave foi — e continua a ser — um motor de expressão artística, liberdade e união.
👉 Descobre mais em discosparaiso.com e no Bandcamp do projeto.
Segue, ouve, apoia — e ajuda a manter vivo este paraíso musical chamado Portugal.
